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Gol GTi era estrela da Arrancada há mais de 10 anos. Relembre sua receita!
Visual animal e motor 2.0 turbo faziam este VW Gol GTi do interior paulista apavorar nas arrancadas. Confira a receita desse Turbo Original e sua história, contada em nossa primeira edição, 12 anos atrás!
Além das oficinas nas grandes cidades, preparadores do interior têm se destacado nas provas de Arrancada. Um dos exemplos é este Gol 2.0 turbo de Limeira, interior paulista. O proprietário Rodrigo Kiihl, mais conhecido como “Coxinha”, participa das corridas desde 1993 — em 2000 foi campeão da categoria Tração Dianteira Turbo Original com uma Saveiro. Recentemente Coxinha comprou uma carroceria duas portas de um Gol GTi que seria exportado para o México. Foram cinco meses de trabalho e muita grana para conseguir o resultado atual: na primeira participação do Gol no Campeonato Paulista, levou para casa o troféu de segundo colocado entre 65 participantes na categoria. O tempo ficou pouco acima de 11 segundos, passando no fim da reta a mais de 200 km/h.
Essa performance toda, segundo os amigos de Coxinha, faz parte de um “tempero caipira”. E esse tempero é quase um segredo que o piloto-proprietário, e dono da oficina Autoville, prefere esconder detalhes. O quatro cilindros 2.0 foi preparado na Rápido’s, outra oficina de Limeira.
Receita nervosa
O bloco do motor original foi trocado por outro de Golf, que trabalha com bielas mais longas para favorecer o torque. As próprias bielas originais deram lugar a peças especiais, importadas, da Crower. Os pistões, que também não falam português, são da Ross.
No cabeçote oito válvulas, um trabalho da Paula Faria (especializada em cabeçotes, SP) aumentou o diâmetro das válvulas: 40,5 mm na admissão e 35 mm no escape — as molas das válvulas foram trocadas por outras de maior pressão. O comando de válvulas, gringo, é da Erson. Para completar, foi instalada uma turbina .70 (medida em milímetros da carcaça fria) preparada pela Turbo Anhanguera e um intercooler (resfriador de ar) desenvolvido pela Ancona, ambas de São Paulo.
A comida de todo esse veneno (metanol) vai para o motor através de três bombas elétricas de Gol GTi, instaladas no porta-malas. No coletor de admissão está um carburador Weber 44 e mais quatro bicos extras para evitar falta de combustível. Para queimar todo o metanol (a cada puxada na arrancada gasta-se pouco mais de 10 litros de combustível), a parte elétrica ganhou um módulo MSD 6AL, cabos, velas e bobina especiais.
Tocada nervosa
Tocar o Golzinho com todo esse veneno é pra cabra-macho. Segundo o proprietário, a potência fica perto dos 400 cv (no motor e não na roda). Para evitar perda de tração nas arrancadas foi colocado um blocante. Esse componente faz as duas rodas dianteiras tracionarem de maneira uniforme. A suspensão especial também ajuda na tração. A dianteira, socada no chão, utiliza molas e amortecedores preparados (com mais pressão, ficando mais duros), para impedir que a frente levante demais e as rodas destracionem.
Sempre que as rodas patinam, o piloto deve ficar de olho pois o limite de giro chega rapidamente. Para evitar problemas, um conta-giros Autometer Monster foi instalado, com uma shift-light (luz que indica proximidade do limite de rotação do motor). Em Interlagos, Coxinha utiliza apenas três das cinco marchas do câmbio de engrenagens retas — ele mesmo escolhe a relação e também não revela qual utiliza em cada pista. A embreagem, dura e de curso curto, trabalha com disco de cerâmica.
Depois de arrancar, passar segunda e terceira marcha, o Gol passa pela fotocélula a 209,8 km/h em apenas 11,598 segundos. Para frear, discos dianteiros ventilados e rígidos na traseira. Ainda faltam acertos que devem levar o Gol ao primeiro lugar. Na verdade, basta uma pitada de pimenta no tempero.
Por Eduardo Bernasconi
Fotos Cleber Bonato
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