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Dodge Charger R/T feito no Brasil vira um monstro com motor V8 biturbo
Alexandre Bazan é de Pontal, interior de São Paulo, e sofre do mesmo problema de toda equipe da FULLPOWER: ele é viciado em carros fortes, exóticos, novos ou antigos. Dono desse Dodge Charger R/T 1977 nas imagens, Bazan teve dor de cabeça várias vezes durante a restauração e preparação do clássico muscle car.
“Comprei o Dojão ainda na cor original, dourado, mas sem alguns detalhes que marcam o ano de fabricação, como o capô com as entradas de ar falsas. Como parecia bonitão, e o preço era bom demais, paguei e fui embora feliz da vida. Ao chegar na oficina de um amigo e começar a remover a tinta, surgiu o pesadelo. Tinha muita massa e a carroceria estava bastante deteriorada, cheia de pontos enferrujados. Meu parceiro funileiro correu da briga. Não deu conta do recado”, confessa o proprietário.
Tocar o projeto desse Charger R/T para frente era prejuízo na certa, mas como tinha muita preparação envolvida e o investimento seria alto, a curiosidade do Bazan em ver algo desse porte finalizado foi mais alta e ele seguiu em frente. Dois anos depois, três passagens por oficinas de funilaria e a pintura e preparação em dois locais, finalmente o clássico brasileiro estava de volta às ruas, rodando no etanol, com duas turbinas Comp Turbo.
Quem é apaixonado pelos Dodge nacionais, como Bazan, vai perceber que essas faixas não são do Charger 1977, mas sim do 1972. Os motivos para isso são pessoais. “Como já estava sem o capô original, decidi mudar até as faixas e usar de um modelo que eu gosto bastante, cinco anos mais novo que o meu”, comentou o dono do carro, satisfeito após tantos anos e trocas de oficina. As rodas Magnum 500, tradicionais nesses projetos, é uma das tantas peças importadas enviadas por um amigo que mora nos Estados Unidos. O parceiro é especializado em compras de componentes especiais. São aro 15” na frente e atrás, mas com destaque para a traseira mais larga, tala 10”.
As caixas de rodas foram severamente modificadas para abrigar os pneus Hoosier de uso misto para rua e pista, com 12,5” de largura: as borrachas ficam gorduchas nas rodas de trás e têm um grip absurdo, mesmo frias. Quando esquentam são capazes de provocar empinadas à la Dominic Toretto, do Velozes & Furiosos.
Força no V8 não falta para levantá-lo, mas seria preciso aliviar bem os quase 1.700 kg atuais desse muscle car. Mas a estrutura para andar em linha reta e virar temporais fortes em pista já está pronta. As longarinas bem amarradas pela Flash Preparações, de São José dos Campos (SP), e suspensão com feixes de molas e barras de tração tem acerto focado em performance. Os amortecedores são KYB, também importados, com regulagens de compressão e retorno. Portanto, chão não falta para este Charger R/T.
Cirurgia cardíaca e implante de turbos no Charger R/T
A responsabilidade de enlouquecer o motor desse carro ficou no colo da Jr Preparações, de Ribeirão Preto (SP). Ivo Galvani Jr, o dono da oficina, abriu o V8 318 original, sacou tudo de dentro dele, parte debaixo e de cima, e mandou ver um kit stroke. A cilindrada passou para 396 polegadas cúbicas — 6,5 litros. O miolo é forjado (pistões e bielas). Cabeçotes agora são de alumínio, com válvulas de admissão e escape de diâmetro maior. Além de molas com mais pressão e balanceiros roletados.
Pressurização, coletores de escape e o resto da exaustão em inox foram feitos pelo próprio Ivo, assim como o acerto da injeção programável FT400 com 16 bicos injetores, dois por cilindro. “Ficamos alguns dias no dinamômetro para acertar a parte de alta rotação e depois rodamos na rua para acertar a baixa e deixar o carro dócil para um passeio urbano”, diz Ivo. “Fizemos um mapa para o carro rodar só com etanol. Usamos só uma bomba de combustível, da Fuelab, e outro mapa para rodar com metanol, para provas de arrancada”.
No dinamômetro, vieram quase 700 cv e 80 kgfm de torque, com 1.0 kg de pressão com etanol de posto. O câmbio manual de quatro marchas e diferencial originais dão conta de controlar o coice desse Charger R/T e transmitem toda a força para o chão com ajuda de uma embreagem com disco cerâmico e platô de maior carga: o pedal é ingrato de tão pesado.
Para segurar o peso e a força deste monstro biturbo, que espirra e ronca com vontade, ele tem freios, disco e pinças da Wilwood e fluído DOT5 . “Valeu a pena ter paciência e investido no projeto. Visual e mecanicamente ficou cabeçudo e divertido de rodar”, finaliza Bazan.
Nós também achamos divertido andar do Charger R/T e provamos que um turbo pode ser bom, mas que dois é algo realmente fora do comum num V8 desses.
Charger R/T 1977 – Ficha Técnica
Motor – 8 cilindros em V, 6.5
Alimentação – Injeção eletrônica programável, etanol
Potência – 700 cv (estimado)
Torque – 80 kgfm (estimado)
Transmissão – Manual, quatro marchas, tração traseira
Freios – Discos ventilados
Pneus – 26”x7,5” (dianteira) 29” x 12,5” (traseira)
Rodas – Aro 15”x7” (dianteira) 15”x 10” (traseira)
Upgrade – Motor, suspensão, freios, rodas, pneus, turbo, injeção eletrônica
Empresas – JR Preparações
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