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Performance
Vídeos: Gol 1.8 Turbo do Projects encara 6 esportivos na pista
Texto: Eduardo Bernasconi / Fotos: João Mantovani
No FULLPOWER Projects mostramos, em episódios publicados em nosso canal oficial no YouTube, a transformação de um veículo. O mais recente dos cinco carros que fizemos até agora é o VW Gol CLi 1995. Depois de prepará-lo para encarar tanto o nosso dia-a-dia quanto provas do tipo Track Day, ele está pronto para mostrar do que é capaz. Seu objetivo principal continua o mesmo: virar mais rápido do que um Golf GTI MK7 na pista de Interlagos (SP). Mas, enquanto a pista paulistana está sem data disponível, levamos o VW turbinado para um shake-down e comparativo com alguns esportivos disponíveis no mercado brasileiro. O objetivo é ver quem consegue marcar a volta mais rápida no circuito. As medições de todos os bólidos que aparecem aqui foram feitas no Autódromo do ECPA, em Piracicaba (SP). Veja como cada um se saiu!
7o Fiat 500 Abarth / 1min 24seg 590
O hatch parece um coelho. O pequeno é muito ágil. Mas, na pista, não virou. Quer ver todas as informações e o vídeo do Fiat 500 Abarth? CLIQUE AQUI.
6o Renault Sandero RS / 1min 21seg 830
Este aqui é diversão pura com seu motor 2.0 16V de 150 cv. Ele é indestrudível, corrida sem fim. Quer ver todas as informações e o vídeo do Sandero RS? CLIQUE AQUI.
5o Audi A3 Sedan 1.8 / 1min 21seg 730
Levamos a versão 1.8, disponível na época, agora ele é nacional e tem motor 2.0. Ele não é um autêntico esportivo, mas é como se fosse. Quer ver todas as informações e o vídeo do A3 Sedan 1.8? CLIQUE AQUI.
4o Honda Civic Si / 1min 21seg 491
O Honda agora tem mais força em baixa. Aguenta um dia de pista, mas poderi ser mais esportivo. Quer ver todas as informações e o vídeo do Honda Civic Si? CLIQUE AQUI.
3o Citroën DS3 / 1min 21seg 022
O excelente conjunto aceita bem preparação e a eletrônica desliga totalmente na pista, ainda bem. Quer ver todas as informações e o vídeo do Citroën DS3? CLIQUE AQUI.
2o Chevrolet Camaro SS / 1min 18seg 447
Ele é forte, mas também é pesado. O americano foi o mais forte entre os carros originais de fábrica. Quer ver todas as informações e o vídeo do Camaro SS? CLIQUE AQUI.
1o Volkswagen Gol 1.8 Turbo do FULLPOWER Projects
Quando nos deparamos pela primeira vez com este Gol CLi 1995, na Colonial Racing (SP), tivemos as piores intenções possíveis, todas elas visando acelerá-lo na pista. Parecia encaminhado para isso, afinal já estava turbinado, com miolo do motor forjado, porém tudo muito antigo, a maioria das peças dos anos 1990, como você pode acompanhar nos sete capítulos do FULLPOWER Projects. Para transformá-lo em um carro bom para encarar um Track Day, seria obrigatório, no mínimo, fazer uma bela revisão e uma dieta para cortar peso do tração dianteira. Mas fizemos um pouquinho a mais…
Primeira fase
Como é bom depenar um carro sem dó. Tirar tudo com vontade, pois nada será necessário. Eliminamos peso morto como sistema de áudio com amplificadores, sub-woofer de 12 polegadas, bancos Recaro revestidos em couro, revestimento de assoalho e das laterais traseiras, cintos três pontos e cintos traseiros… tchau todo mundo! Era preciso dar espaço para os bancos-concha e cintos cinco pontos Sparco, assim como volante, pedaleiras e manoplas da marca italiana de acessórios de rua e pista.
Antes de fixar os trilhos dos bancos especiais, porém, o Rogério Dudu Escapamentos, fez um roll-cage com seis pontos de ancoragem na cabine, já que proteção nunca é demais quando se fala em veículos para rodar de pé no fundo, em circuitos. Com todo o “encanamento feito”, já dava para montar o interior.
Update na injeção
Quando achamos o Gol na Colonial, ele já estava turbinado, porém havia mais de 10 anos de instalação. Ou seja, os equipamentos como injeção eletrônica já estavam ultrapassados. A Fueltech RacePro já não existe mais e em seu lugar entrou uma FT400. Os bicos de baixa impedância e o peak and hold usado em motores fortes há tempos também foram descansar para que quatro bicos Marelli de 80 lbs/hr tomassem seu lugar. Os componentes de performance vieram da JR Racing Parts: duas bombas de combustível, jogos de velas e nova junta de cabeçote original VW, por exemplo.
Nos primeiros testes com a nova injeção, o AP 1.8 aqueceu demais, teve suas mangueiras de água bem inchadas e o sintoma era de cabeçote com problemas. Emerson “Gordo” Soares sacou o cabeçote e constatou o problema: uma das válvulas que trabalha no segundo cilindro estava emperrada e havia uma trinca pequena. Além disso, os parafusos originais de aperto do cabeçote/bloco estavam bem soltos e em alguns pontos tinham suas roscas espanadas. Mal sinal, porém de fácil solução.
Toca o cabeçote para a Paula Faria Cabeçotes e chama o Rafael Nicola para aproveitar o motor aberto e dar mais resistência ao quatro cilindros fazendo um o-ring no bloco. Trata-se de um fio metálico que veda melhor a volta dos cilindros e dificulta queimas de junta de cabeçote. Para unir cabeçote e bloco com segurança, adeus aos parafusos e bem-vindos prisioneiros para mais torque de aperto e mais resistência do conjunto. Com o motor fechado, era hora de receber os agregados!
Coletor de escape, válvula de alívio (é a que regula pressão) e turbo já estavam mais pra lá do que pra cá. Não prestavam mais. Afinal, era mais de uma década de serviços prestados! Nada mais justo do que aposentá-los. Enfiamos um novo coletor e válvula da Beep Turbo, além de um turbo Garrett roletado, linha GTX, a mais cabeçuda da marca.
Esses turbos especiais são vendidos apenas com a carcaça fria e a adaptação da caixa quente fica ao gosto do dono ou preparador. Nossa opção foi usar uma carcaça T3, com execução da DNT Turbos. Em dois dias o turbo estava pronto para fixação no coletor e finalmente o motor estaria completinho.
Sem chão
Assim como o motor cansado dos mais de 10 anos de castigo, suspensão e freios também estavam arregaçados. Pastilhas de freios simplesmente mortas. Amortecedores cada um de um jeito: sem pressão alguma, com vazamentos de óleo… Troca tudo! A Fênix Amortecedores colocou um kit de coil-over com amortecedores reguláveis e montou com molas Aliperti de carga bem elevada. Temos molas de 500 a 900 libras, para testarmos o que vai ficar bom entre rua e pista. Todas as buchas e coxins são da AJ Buchas Especiais e está tudo muito bem amarrado: ninguém se mexe no cofre, na suspensão, NADA!
O acerto, é verdade, está radical para rua, muito duro. Mas, para pista promete funcionar. Nas primeiras voltas que demos no ECPA (no total foram apenas 6), deu para sentir o potencial do nosso VW Projects.
Acerto
A primeira volta com o Gol foi feita com um jogo de rodas aro 18” e pneus usados que tínhamos no galpão. O carro não parou no chão, lixava em todas as marchas e não era possível ter uma referência. Colocamos as Sparco 17” calçadas com os Pirelli Trofeo montados na Caçula de Pneus Motorsport, loja Premium do grupo, e a diferença foi instantânea! Bastou aquecê-los em uma volta para descobrir que o motor 1.8 turbo com 0,7 kg de pressão se comportaria bem com esse conjunto.
Ele ficou muito bom de freios, com sistema dianteiro de Audi A8 e traseiro de Golf GTi, assim como de suspensão, apesar de bem duro. É disparado o mais agressivo de passar pelas zebras. O câmbio tem engrenages especiais de segunda à quarta marchas e a embreagem Displatec multidisco cola com gosto.
A temperatura ficou comportada graças a ajuda de um intercooler gigante que fica escondido atrás do parachoque dianteiro, porém a luz do óleo acendeu na terceira e última volta. Hora de entrar nos boxes e descobrir que o Gol rodou quase um segundo mais lento que o Chevy SS: virou 1min19seg03.
Mas, a ideia era não levar desaforo pra casa. Primeiro, baixamos a pressão dos pneus para 35 libras e decidimos, na coragem, apertar o botão do booster mesmo que a luz do óleo estivesse acendendo. Era a única chance de enfiar tempo no muscle americano, mas não recomendamos. Luz de óleo acesa é coisa séria e a chance de quebra é grande.
Mais uma volta de aquecimento, tanque de combustível marcando pouco acima da metade de etanol e lá vamos nós. Na reta Oposta, o motor deu uma bela falta de combustível. Se não bastasse a luz do óleo, agora essa maldita falta a pouco mais de 5.000 rpm. Não tínhamos alternativa. O dia estava acabando. Tínhamos essa única chance de emplacar um tempo bom, mesmo que ainda estívessemos desenvolvendo o carro. O booster tem o clássico mecanismo instalado na chave do farol alto. Nas duas voltas após aquecer o carro e pneus, a Reta dos Boxes ficou mais curta usando 1.1 kg de pressão de turbo.
O Camaro havia passado a 143 km/h na reta. O Gol passou a 146 km/h. Bom sinal. No miolo mantivemos a pressão baixa de trabalho, mas a falta insistia em aparecer antes do limite de giro.
Mesmo com trocas a menos de 5.500 rpm, nosso Gol Projects cravou o SS. Fizemos 1min17seg79, rodando míseras seis voltas. A luz do óleo não apagou mais, porém o motor continua inteiro! Com a primeira missão cumprida, agora é revisar o “bola” e prepará-lo para Interlagos, pois a próxima vítima dele é o Golf GTi. E vai doer!
Motor >> quatro cilindros em linha, 1.8
Alimentação >> Injeção eletrônica, etanol
Potência >> 233 cv / 317 cv (booster)
Torque >> 27,2 kgfm / 37,9 kgfm (booster)
Transmissão >> Manual, cinco marchas, tração dianteira
Freios >> Discos ventilados
Pneus >> 205/40
Rodas >> Aro 17”
Upgrade >> Motor, injeção, suspensão, freios, rodas, pneus, bancos, cintos
Empresas >> AJ Buchas, Aliperti Molas,, JR Racing, Garrett, Sparco, Pirelli, Cral, Caçula Motorsport, Fênix, Fueltech, Fat Motors, Rogerio Dudu Escapamentos, Lux Detailer, LuukFilm
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