Publicado em
Testes
Aceleramos o Charger R/T Scat Pack com V8 de 492 cv em Nevada, EUA
Texto: Eduardo Bernasconi / Fotos: Luciano Falconi
Carroceria duas portas, peso reduzido e motorzão: essa é a receita esperada para um esportivo de verdade. Este Dodge Charger R/T Scat Pack está longe dessa receita, mas se comporta como um animal caso seja esse o desejo do condutor. Passamos alguns dias durante a cobertura do SEMA Show com essa maravilha de duas toneladas, quatro portas e cinco metros de comprimento rodando pelas ruas, avenidas e estradas de Nevada, Estados Unidos, e foi divertido demais. O motor V8 392, 6,4 litros, vem dos Dodge mais nervosinhos (SRT) e rende 492 cv e 65,7 kgfm de torque: nesse quesito ele tem lá a sua esportividade.
Você acredita que a barca faz de 0 a 100 km/h em 4s5?! E a máxima de 280 km/h!!! É o sedã dos sonhos para botar medo em qualquer passageiro. E sem fazer muito alarde, pois apesar de manter a cara de mal, ele perdeu vários itens de conforto para redução de custo. Não tem bancos em couro, rodas e pneus são mais estreitos que os canhões SRT ou Hellcat, mas ele desempenha seu papel e deixa os fissurados por carro totalmente apaixonados. Com pista seca ele sai de lado a qualquer cutucada mais agressiva no acelerador. No molhado, então, melhor nem brincar. O controle de tração não dá conta de segurar o ímpeto deste autêntico muscle da nova geração.
Um dos motivos desta facilidade em despregar está no fato dos pneus terem diminuído bastante em relação ao irmão maior, SRT: em vez dos 275 de largura, no Scat os sapatos são 245. Ou seja, menos área de contato com o piso. Nada que desabone a nave! Na verdade, fica até mais divertida e fácil de ser preso, pois a arruaça acontece quase que sem querer. Entenda como saídas de traseira, arrancadas com boas borrachadas… A distribuição de peso 54% na frente e 46% na traseira também colabora nessas escapadas: o V8 HEMI pesa forte na dianteira!
Outra diferença que faz o custo baixar é o uso de suspensão estática e sem programações eletrônicas como nas versões top. No R/T que avaliamos há amortecedores Bilstein sem interferência eletrônica para deixá-lo mais rápido ou lento, duro ou macio. Há, porém, o excelente controle de largada que permite os 0 a 100 km/h mais rápidos e consistentes: aí sim a eletrônica ajuda bastante e atenua os efeitos da perda de aderência neste tração traseira.
O ronco que vem dos escapes é lindo demais, sem válvulas ou recursos que calem essa música por alguns instantes. Aqui o negócio é nu e cru: ronco, performance, acabamento mais simples… Diversão! Apesar do down-grade de freios se comparado aos esportivões da Dodge, ele para bem demais. Usa pinças Brembo de quatro pistões e discos de 360 mm da frente, escondidos dentro das rodas aro 20”.
Sim, as rodas são enormes, mas os pneus têm perfil alto e, mesmo com a suspensão ajustada para performance, ele é muito confortável e espaçoso. As duas últimas marchas, sétima e oitava, são apenas overdrive e o finalzão perto de 300 km/h acontece em sexta marcha. Se a tocada for agressiva, é preciso apertar a tecla Sport no console e fazer sa trocas de marcha manualmente. As respostas são rápidas. Mas rodar tranquilamente pode ser tão prazeroso quanto sair detonando. Dá até para pensar em fazer uma viagem gastando pouco combustível, mesmo que o V8 não tenha o recurso de desligar uma das bancadas de cilindros em caso de “pé leve no acelerador”. Todos os cilindros funcionam juntos e ponto final. Como a gasolina está barata nos Estados Unidos, hoje em dia os gringos não estão muito preocupados se a viatura bebe muito.
Um galão de gasolina, ou seja 3,6 litros, custa cerca de R$ 9 (US$ 2,50) — na época de crise por lá, o mesmo galão chegou a US$ 5, o dobro! Os americanos estão achando esse preço bom pelo combustível. Tanto é que dá para ver muitos V8 iguais ao desde Dojão pelas ruas, assim como vimos muitos supercarros na edição de 2015 do SEMA Show.
Uma semelhança com os carros mais completos da marca é o painel cheio de recursos e a tela touch que ajuda nos dados de performance: o conta-giros fica monstrão para que condutor e passageiros vejam tudo o que está acontecendo. Até farol de largada no estilo drag racing aparece. Show! E se tudo isso não foi capaz de divertir quem está dentro do Charger R/T Scat Pack, há internet abordo. Não quer ouvir o ronco lindo, nem acompanhar a vida dentro do Dojão? conecte-se ao celular e desligue-se do mundo.
DODGE CHARGER R/T SCAT PACK
MOTOR: V8, 6.4
ALIMENTAÇÃO: Injeção eletrônica, gasolina
POTÊNCIA: 492 cv
TORQUE: 65,7 kgfm
TRANSMISSÃO: Automática, oito marchas, tração traseira
FREIOS: Discos ventilados
PNEUS: 245/45
RODAS: 20“
PESO: 2.000 kg
PREÇO: US$ 40.990 (EUA)
Veja os bastidores da reportagem:
Veja também
Testes
VW ID. Buzz é a ‘Kombosa’ 100% elétrica e 200% carismática
Testes
Orca: pilotamos a primeira moto aquática 100% elétrica que chegou ao Brasil
Testes
Picape Ford Ranger é bruta até na versão de entrada XLS
Testes
Testamos o Volvo XC90 de 407 cv, que roda 40 km sem gasolina
Testes
Testamos o novo Audi A3 Sedan 2.0 Performance Black
Testes