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Lexus IS F e GS 460 alargadões e preparados pela empresa americana Five Axis [TÚNEL DO TEMPO]
Por: Eduardo Bernasconi / Fotos: João Mantovani
Esta matéria foi publicada originalmente na FULLPOWER 87
Carson Lev é proprietário do Chevrolet 1959 que estampou a capa da FULLPOWER edição 67 em 2007. Para ter seus amados Chevy na garagem — ele tem mais de 10 modelos da marca da gravata —, Carson administra a vida de figurões do mercado de carros modificados nos States, seja para programas de televisão, para licenciamentos de marca… Ele é o cara que colocou a FULLPOWER dentro da Five Axis, empresa americana instalada no coração automotivo de Huntington Beach, na Califórnia.
Fundada em 1995 por Troy Sumitomo e um colega, a empresa que partiu de um galpão pequeno, hoje reina em uma estrutura sarada de mais de 2.000 m². Dentro das quatro paredes praticamente inacessíveis, nascem máquinas conceituais para Toyota e suas duas co-irmãs, Lexus — como esses dois IS F e 460 GS — e Scion. A estrutura é tão high-tech que de lá poderiam sair foguetes prontos para exploração de planetas e galáxias afora, partindo sob os olhares do Pica-Pau, lá no Cabo Canaveral, na Flórida.O nome da empresa está ligado diretamente a uma das principais máquinas utilizadas por eles, que trabalha com cinco eixos (five axis, em inglês) e é capaz de produzir uma peça no formato que se imaginar. Para entender melhor, este equipamento produz qualquer peça, como uma arma, bomba, carro ou até um avião. A máquina é tão séria que, para tê-la na empresa, é preciso uma autorização e licença do exército americano, com número registrado na base de dados da corporação e tudo mais. Mas a parte importante é: dela nascem carros incríveis que, há mais de uma década, fazem os gringos idolatrarem o Senhor Sumitomo!E Carsinho Lev nos colocou no olho do furacão, em uma visita exclusiva à Five Axis, com direito a um papo reto com os sedãs IS F e 460 GS. Envoltos em capas especiais, ambos estavam no meio do grande e gelado galpão da Five Axis, desde o Sema Show 2008, onde foram apresentados mundialmente. Ao retirar as capas, eu e João Mantovani vimos duas carrocerias quatro porteiras, foscas, inacreditáveis, imaculadas, lindas. Estávamos na companhia de Geoff Curtis e Nevill Ooms, figuras conhecidas do programa de TV Overhaulin’ e da Metalcrafters (especializada no desenvolvimento de veículos especiais para montadoras, entre outras atividades), respectivamente. Nevill é o responsável pelos projetos e Geoff, profissional de pintura, deu uma força para a realização das fotos.
Um dos destaques da Lexus durante o Sema Show de 2008 foi, sem dúvida, o IS F preto fosco, no melhor estilo Stealth, os aviões da Força Aérea americana que não são detectados pelos radares. Apesar de ter sido mostrado pela primeira vez no mesmo evento, em 2007, o esportivo mereceu voltar à cena.
As principais mudanças, para o final do ano passado, foram feitas no motor V8, aumentado de 5.0 para 5,8 litros. Os componentes internos originais que deixaram o cofre para a entrada de outros de alta performance foram os pistões (agora JE) e as bielas (as novas são Dyers). As válvulas de admissão, de titânio, e as de escape, em aço, também visam durabilidade e redução de peso. O virabrequim nitratado e a taxa de compressão elevada para 12,8:1 (lembre-se que é a gasolina!) completam as alterações no veoitão.
Não é para menos: um câmbio automático de OITO velocidades espera ter suas marchas todas engolidas em retas curtas ou longas, em uma das quase 3.000 pistas disponíveis na gringa. As trocas ficam a cargo de quem se arrisca ao volante — automáticas ou manuais, com overdrive. Para sentar nos bancos incrivelmente envolventes, com alcantara, couro e detalhes dourados trançados com fibras metálicas, o cabra tem que ser macho, afinal são cerca de 500 cv empurrados pela tração traseira deste Lexus malvado. Deve dar para fazer um drift lascado com o brinquedo. Apesar da moral nota 1.000 em entrar na Five Axis, tivemos que nos contentar com as redondezas da empresa para sentir a máquina.Com o carro apoiado em kits TEIN de suspensão, com sistema coil-over, pneus ultrabaixos Yokohama e rodas Fixe Axis R20, sente-se praticamente tudo o que há de irregularidade no solo. E os freios?! Discos de 380 mm na dianteira e 345 mm na traseira. É um showcar e ponto final. Quando a Lexus cansar dos eventos com este IS F, vamos torcer para vê-lo voando baixo em apresentações, shows…
Por enquanto, tanto estilo custa caro. Além da estimativa de US$ 300 mil no projeto, mantê-lo impecável entre um transporte e outro para pavilhões e fotos é uma dura missão. A começar pela pintura especial, fosca, bem diferente dos acabamentos desse tipo vistos por aqui, geralmente ásperos.
Totalmente liso e quase aveludado, este sedã pequeno (4,66 m de comprimento) ficou incrível. Alargada em 6”, a carroceria exige cuidados, tanto nos para-lamas como nas laterais, traseira e spoilers. Que tal o escape de ronco imponente com saídas funcionais nas extremidades do para-choque traseiro?!
As maçanetas, no melhor estilo inglês dos Aston Martin, é só de “H”: parece que bastaria um click para elas saltarem e, aí sim, serem puxadas, mas… Tudo mentira! As portas se abrem por controle remoto. Os retrovisores externos também dão um tapa na cara de quem gosta de carros modificados. Parecem componentes de motos, sem espelhos, mas com câmeras embutidas. Para checar se alguém o persegue, basta olhar para as telas internas, que reproduzem as imagens dos retrovisores. Esses detalhes, apesar de pequenos, justificam os grandes investimentos.Como no projeto IS F, os tons cinza foram mantidos sem brilho. Segundo o Mestre Sumitomo, o uso deste tipo de acabamento está com os dias contados e o Sema Show 2008 seria a última oportunidade para usá-los. Neste GS 460, até as lanternas ficaram sem brilho, com uma técnica refinada de aplicação de verniz sobre a lente. Algumas partes de para-choque e pinças de freio foram pintadas de uma cor chamada Papaya, bem parecida com o tom da fruta.
Esses detalhes coloridos realçam as linhas do para-choque dianteiro, um dos componentes feitos com ajuda da “máquina do mal”, que corta peças em poliuretano, isopor, barro, papel, etc., em qualquer formato. As pinças de seis e quatro pistões (frente e traseira, respectivamente) no tom alaranjado também ficam acesas em meio aos palitos das rodas aro 20”, com 8,5” de largura na dianteira e 10,5” na traseira. Os pneus Yokohama para este carro foram esculpidos à mão, a pedido da Five Axis.
Para que essas rodas saradas entrassem no sedã de patrão, as laterais e os para-lamas foram alargados, ficando os chamados widebody. A ligação entre a frente e a parte de trás foi suavizada com uma saia lateral sutil, que também tem a função de aumentar a carroceria do carro, parecendo ser mais baixo ainda. Invocado!
Diferente do IS F, esse 460 recebeu um kit e suspensão “obrigatório”, usado pela maioria dos entusiastas que alteram seus carros: molas mais baixas e amortecedores mais esportivos. Esses amortecedores tornam o funcionamento mais rápido e, trabalhando em conjunto com as molas de altura reduzida, parece que ficam mais duros. É um esportivo, disfarçado de carro de diretoria.
O projeto é um pouco mais barato que o do IS F, pois o V8 4.6 ficou intocado. A ajuda de performance veio apenas na hora de mandar todo mundo embora. O escape é um 8×2 feito na Five Axis, que ronca imponente. Passar as marchas nas borboletas atrás do volante ou na alavanca, aproveitando os 46,8 kgfm de força, chega a ser radical.
O câmbio que a Lexus inventou, com um conversor de torque que trabalha bloqueado em todas marchas, menos na primeira e ré (diferente dos convencionais, que permite uma “patinada” a cada mudança), permite trocas cabeçudas. Ou cabeçadas a cada troca: é tão forte que a barca vai aos 100 km/h em pouco mais de 5 s. Mas com tanto estilo e compromissos para cumprir, poucas vezes esse GS vai ter seu motor no corte de ignição. Mais provável vermos em salões e exposições. E será sempre um prazer encontrá-lo!
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