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Novo Ford EcoSport 1.5 é esperto, gostoso de guiar e bem equipado
Depois do aperitivo no último Salão de Buenos Aires, na Argentina, a Ford apresentou o novo EcoSport para a imprensa brasileira nesta terça-feira (15) em na região da Grande Recife, com direito a test-drive e extensa apresentação sobre a novidade — que tratam como quarta geração do jipinho. Com preços variando entre R$ 73.990 e R$ 93.990, os executivos da marca tão apostando alto no sucesso do novo EcoSport, sendo que a maioria das vendas será das versões equipadas com o inédito motor 1.5 Dragon.
Apesar a empolgação dos caras, o novo EcoSport não chega a representar uma mudança de geração. É verdade que ele ganhou algumas melhorias estruturais, como liga de boro nas colunas para dar reforçar a cabine em crash-tests, principalmente, mas a plataforma é a mesma global do New Fiesta. Ou seja, ele ainda peca em espaço interno na fileira de trás e o porta-malas, embora bem versátil, é de modestos 356 litros (podendo chegar a 1.200 litros com o bancos rebatidos). Então é melhor encarar o lançamento como um face-lift profundo.
Ainda que no visual só a frente foi alterada significativamente (inspirada na pegada mais robusta do Edge, com grade mais alta e capô volumoso), o interior do Eco de fato ficou muito melhor. Os caras capricharam na instalação das peças (não há rebarbas ou peças mal encaixadas, falhas um tanto comuns em Ford) e o estilo é todo high-tech. Todas as versões terão tela multimídia de série (de 6,5” nas SE e 8” nas mais caras), com software Sync3 compatível com CarPlay e Android Auto, e na versão topo Titanium a central conta com um sistema de áudio cabeçudo da Sony, com 9 alto-falantes (dois subs de 6,5”, dois coaxiais duplos, dois tweeters e um mid-range).
Além do entretenimento, a cabine conta com duas entradas USB de carregamento rápido de smartphones e o ar-condicionado é todo digital, com acabamento refinado, intuitivo e diversas funções de rápido acesso, como um desembaçador mais power. Falando em acabamento, o painel é emborrachado, que dá aquele toque macio pra transmitir mais qualidade (o mesmo material é visto nas laterais das portas, onde se apoia o braço e no baú central). O resto é plástico rígido. Volante multifuncional revestido de couro e cluster com nova disposição dos mostradores e computador de bordo completam os destaques do Eco por dentro.
É sob o capô que estão as cerejas do bolo. O EcoSport vai estrear mundialmente aqui no Brasil o motor 1.5 TiCVT Dragon de três canecos, naturalmente aspirado. Ele representa uma nova geração de motores, que foi inaugurada no Fiesta ST: as únicas diferenças entre o propulsor do Eco e do hot hatch são a injeção direta e o turbo, que o SUV não tem. Mesmo assim, o motor com certeza tá entre os mais tecnológicos do país, engenharia fina mesmo.
Pra começar, o bloco é feito de alumínio e tem duplo comando de válvulas para admissão e escape. O coletor é integrado ao cabeçote (que ajuda a atingir a temperatura ideal de trabalho mais rápido, permitindo aproveitar misturas pobres por aproximar o catalisador do bloco); há uma bobina pra cada cilindro (com velas centralizadas nas câmaras); os balancins são roletados com tuchos hidráulicos; a bomba de óleo é variável; e a correia dentada é banhada em óleo.
Toda essa tecnologia aí resulta num pico de 137 cv a 6.500 rpm e 16,1 kgfm de torque a 4.500 rpm (130 cv e 15,6 kgfm com gasolina), segundo a fabricante. Com essas credenciais aí, o Eco se torna o carro com a maior potência específica do mercado, com 91,5 cv/litro. Pra quem tá ao volante, apesar de o percurso disponível no evento na Grande Recife ter sido curto (rodamos no máximo 35 km) deu pra perceber uma boa evolução em relação ao Sigma 1.6 de 131 cv que o Dragon substitui.
Como 85% do torque já é disponível antes das 2.000 rpm, o carro fica espertinho, com boa dose de agilidade, e o novo câmbio automático de seis marchas trabalha bem, mas poderia ser um pouquinho mais rápido pra reagir às pressões do acelerador. Como esse bloco é pequeno, ele não é girador, então depois das 6.000 rpm ele começa a dar aquela morrida, mas aguenta os 120 km/h na rodovia cravado em 3.000 rpm. E de acordo com o Inmetro, ele faz 7,1 km/l na cidade e 8,9 km/l em rodovias com etanol, e 10,4 km/l e 12,8 km/l com gasolina.
A outra opção de motor do Eco, exclusiva para a versão Titanium, por enquanto, é o 2.0, 4 bocas, Direct Flex, uma evolução do Duratec que já equipa o Focus há um tempo. No jipinho a Ford declara 176 cv a 6.500 rpm e 22,5 kgfm a 4.500 (170 cv e 20,6 kgfm com gasolina), mas pra você extrair esse fôlego de 40 cv a mais em comparação ao 1.5 tem que fazer ele gritar. Só girando lá em cima que o propulsor começa a empolgar, como se as curvas de torque e potência fossem menos bem distribuídas do que as do 1.5. E nele, o câmbio AT6 (que não é exatamente o mesmo do 1.5, mas também é desenvolvido pela Ford) exibe ainda mais esse pequeno “lag” pra entender que você já tirou o pé do pedal ou que meteu um kick-down.
O que impressiona nos dois Eco (1.5 e 2.0) é a dinâmica e o nível de conforto. O novo Ford se equipara a modelos referência neste quesito no segmento, como o Nissan Kicks e o Jeep Renegade. A resposta da direção elétrica é rápida e precisa (ainda que seja um pouco morta no centro, nada incomum) e a rolagem da carroceria foi atenuada pelas melhorias estruturais já citadas (que resultaram numa rigidez torcional 5% maior) e por uma função específica do ESC que calcula a inclinação do veículo para atuar de acordo nos freios, mantendo o carro no chão (melhorando em 6% o controle da roll).
A suspensão continua sendo McPherson na frente e eixo de torção atrás, mas o eixo traseiro está 15% mais rígido e as novas buchas das bandejas e barra estabilizadora foram recalibradas priorizando o conforto. Realmente, superar os buracos das ruas se tornou missão mais fácil para o Eco, o comportamento é aveludado, evidenciando um bom compromisso entre estabilidade e conforto do SUV.
Veja os preços e equipamentos de cada versão do novo EcoSport abaixo. As unidades começam a ser vendidas a partir da segunda quinzena de agosto.
– Ford EcoSport SE 1.5 MT: R$ 73.990 – (AT6 com paddle shifts: R$ 78.990)
Rodas de liga-leve de 15 polegadas, grade dianteira com controle ativo, sete airbags, AdcanceTrac com RSC (anticapotamento, controle de estabilidade e tração), assistente de partida em rampas, sensor de pressão de pneus, sensor de estacionamento traseiro, SYNC 3 com tela de 6.5 polegadas sesnsível ao toque com Android Auto e Apple CarPlay, duas entradas USB, volante revestido em couro, piloto automático, ar-condicionado e direção, vidros, travas e retrovisores elétricos.
– Ford EcoSport FreeStyle 1.5 MT: R$ 81.490 – (AT6 com paddle shifts: R$ 86.490)
Adiciona rodas de liga-leve de 16 polegadas, sistema inteligente do porta-malas, câmera de ré, tela de 8 polegadas e GPS para o sistema multimídia SYNC 3, luzes diurnas de LED e ar-condicionado automático e digital
– Ford EcoSport 2.0 Titaniaum – R$ 93.990
Adiciona motor 2.0 Flex de 176 cv, rodas de liga-leve de 17 polegadas, sistema de monitoramento de ponto-cego e alerta de tráfego cruzado, bancos revestidos em couro, sistema de partida sem chave, sensores de chuva e luminosidade, retrovisor eletrocrômico, faróis de xenon e teto solar elétrico.
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