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Cultura

Opinião: não existe mais carro ruim no Brasil

O mercado automotivo brasileiro passou por uma grande transformação nos últimos 10 anos. Se antes os hatches e sedãs dominavam as vendas, hoje os SUVs são os queridinhos do público. Além disso, os carros ficaram mais equipados, com itens de conforto e segurança que antes eram considerados luxo.

Essa evolução é reflexo de diversos fatores, como a mudança no perfil do consumidor brasileiro, o aumento da renda e a popularização de tecnologias. Os brasileiros estão cada vez mais exigentes e buscam veículos que ofereçam mais espaço, conforto e segurança.

Os SUVs: a febre do momento

A mudança mais significativa no mercado automotivo brasileiro nos últimos 10 anos é a ascensão dos SUVs. Em 2010, os SUVs representavam apenas 15% das vendas de carros novos no país. Em 2023, eles já representam 45%, segundo dados da Fenabrave.

Essa mudança no perfil das vendas é resultado de diversos fatores. Um deles é a mudança no perfil do consumidor brasileiro. As famílias estão cada vez mais exigentes e procuram automóveis com mais espaço. Além disso, o aumento da renda dos brasileiros também contribuiu para a popularização dos SUVs, que são veículos mais caros.

Os SUV se tornaram na principal opção de carro no Brasil

Hoje existem SUV de diversas categorias, como o compacto Fiat Pulse (Divulgação)

Os SUVs oferecem uma série de vantagens em relação aos hatches e sedãs. Eles são mais altos e têm uma posição de dirigir elevada, o que oferece uma melhor visibilidade. Além disso, eles têm mais espaço interno, o que é ideal para famílias com crianças ou animais de estimação.

No entanto, os SUVs também têm algumas desvantagens. Eles são geralmente mais caros, consomem mais combustível e são menos aerodinâmicos, o que pode aumentar as emissões de poluentes – exceto no caso de modelos com motorização elétrica ou hibrida.

Os carros ficaram mais equipados

Outra mudança significativa no mercado automotivo brasileiro nos últimos 10 anos é o aumento do nível de equipamentos dos carros. Em 2010, era comum encontrar modelos sem ar-condicionado ou direção com assistência hidráulica ou elétrica. No entanto, hoje, esses itens são considerados básicos. É o chamado “kit dignidade”.

Além do ar-condicionado e da direção hidráulica, os automóveis vendidos no Brasil também passaram a contar com outros itens de conforto e segurança, como airbags, freios ABS, controle de estabilidade e central multimídia. Essa evolução é resultado da popularização de tecnologias e da exigência dos consumidores.

Central multimídia é hoje um item comum nos carros vendidos no Brasil, até nos mais simples

Central multimídia é hoje um item comum nos carros vendidos no Brasil, até nos mais simples (Divulgação)

Os carros mais equipados oferecem uma série de vantagens aos motoristas. Eles proporcionam mais conforto, segurança e comodidade. No entanto, eles também ficaram (muito!) mais caros.

Carros mais caros

Um dos aspectos mais preocupantes da evolução dos carros no mercado brasileiro nos últimos 10 anos é o aumento dos preços. Em 2010, o preço médio de um carro zero-quilômetro no Brasil era de R$ 33.327,00. Em 2023, esse preço já é de R$ 96.528,00.

Esse aumento de preços é resultado de diversos fatores, como a inflação, o aumento dos custos de produção e a mudança no perfil do consumidor brasileiro, que está cada vez mais disposto a pagar mais por um automóvel.

O aumento dos preços dos carros é um desafio para os consumidores brasileiros, que enfrentam uma renda média baixa. Além disso, o aumento dos preços dos veículos também pode impactar negativamente o meio ambiente, já que as pessoas tendem a usar seus carros por mais tempo, o que aumenta o consumo de combustível e as emissões de poluentes.

Não existem mais carros ruins no mercado

Uma das mudanças mais positivas no mercado brasileiro nos últimos 10 anos é que não existem mais carros ruins no mercado. Hoje todos os automóveis zero quilômetro são bem equipados (mesmo os mais simples, como Fiat Mobi e o Renault Kwid) e oferecem um bom nível de conforto e segurança.

Carro mais barato do Brasil, o Renault Kwid vem de fábrica equipado com o "kit dignidade"

Carro mais barato do Brasil, o Renault Kwid vem de fábrica equipado com o “kit dignidade” (Divulgação)

Isso é resultado da concorrência entre as montadoras, que buscam oferecer o melhor produto possível para os consumidores. Além disso, as regulamentações do governo também contribuem para a melhoria da qualidade dos carros, exigindo itens de segurança e conforto mínimos.

Carros elétricos: o futuro do mercado automotivo brasileiro?

Um dos desafios mais importantes que o mercado automotivo brasileiro enfrenta nos próximos anos é a eletrificação dos carros. Os veículos elétricos são mais eficientes e menos poluentes que os modelos a combustão, mas ainda são mais caros e têm uma autonomia menor.

GMW Oran 03 na nova versão Skin, de entrada

Os carros elétricos são interessantes para reduzir a poluição, mas ainda são caros (Divulgação)

É preciso que as montadoras desenvolvam tecnologias que tornem os carros elétricos mais acessíveis e com maior autonomia. Além disso, o governo precisa criar políticas públicas que incentivem a compra de automóveis elétricos, como a redução de impostos e a instalação de mais pontos de recarga.

O futuro dos carros no Brasil

A evolução dos carros no mercado brasileiro nos últimos 10 anos foi significativa. Os carros estão cada vez mais seguros, confortáveis e tecnológicos, mas o salto para o futuro vem acompanhado de desafios e custos crescentes. A acessibilidade ainda é um obstáculo para muitos brasileiros, e o impacto ambiental dos carros a combustão continua a ser uma preocupação.

O caminho para um futuro sustentável exige uma abordagem multifacetada:

  • Eletrificação inteligente: O desenvolvimento de carros elétricos mais acessíveis e com maior autonomia, aliado à expansão da infraestrutura de recarga, é fundamental para a transição energética do setor automotivo.
  • Inovação tecnológica: A pesquisa e desenvolvimento de tecnologias como motores híbridos, biocombustíveis e carros autônomos podem contribuir para a redução do consumo de combustíveis fósseis e a melhoria da segurança no trânsito.
  • Conscientização ambiental: É importante educar os consumidores sobre a importância da escolha de carros ecologicamente corretos e práticas de direção sustentável.

O mercado automotivo brasileiro tem potencial para se tornar um modelo de inovação e sustentabilidade. A colaboração entre montadoras, governos, instituições de pesquisa e consumidores é crucial para superar os desafios e pavimentar o caminho para um futuro onde os carros sejam parte de uma mobilidade urbana mais eficiente, limpa e acessível a todos.

Adeus, "pé de boi": O VW Gol bola conquistou corações, mas estava longe de ser um carro seguro e bem equipado

Adeus, “pé de boi”: O VW Gol bola conquistou corações, mas estava longe de ser um carro seguro e bem equipado (Divulgação)

Embora os SUVs sejam a tendência atual, o futuro do mercado automotivo brasileiro pode ser marcado por diversidade e adaptação. Carros elétricos compactos para o uso urbano, veículos autônomos para o transporte público e modelos híbridos para longas distâncias podem coexistir com os utilitários esportivos, atendendo às necessidades de diferentes perfis de consumidores e contribuindo para a criação de cidades mais inteligentes e sustentáveis.

A evolução dos carros no Brasil não deve se limitar ao aumento do conforto e da tecnologia. É preciso que essa evolução caminhe lado a lado com a preocupação com o meio ambiente e a inclusão social. O futuro do mercado automotivo brasileiro é promissor, mas depende da capacidade de enfrentar os desafios e buscar soluções que atendam às necessidades de todos os cidadãos e contribuam para a construção de um futuro mais verde e justo.

A palavra final não está escrita. O futuro do mercado automotivo brasileiro é uma história que ainda está sendo escrita, e cabe a todos nós contribuir para os próximos capítulos tragam progresso, sustentabilidade e acessibilidade.

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