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SUV versus sedã: Jeep Compass encara Toyota Corolla
O que um SUV e um sedã médio podem ter em comum? No caso do Jeep Compass e do Toyota Corolla, a resposta é o sucesso de vendas. Mesmo não sendo modelos baratos, os dois estão entre os mais comercializados do Brasil. De janeiro a setembro, o Compass totalizou 44.357 unidades licenciadas, resultado que o deixou na nona posição no ranking dos mais vendidos do país. O Corolla aparece logo em seguida, com 42.929 emplacamentos e o décimo lugar da lista – os dados são da Fenabrave, a associação dos concessionários do país.
Pela fama da dupla e também por serem carros muito bons de dirigir, decidimos confrontar suas versões de preço equivalente, na faixa dos R$ 125 mil, para saber qual é a melhor compra.
Por esse valor, o Corolla em questão é o topo de linha, Altis, tabelado em R$ 118.990. A configuração do Compass de cifra semelhante é a Longitude flex, de R$ 124.990. Sua maior virtude frente ao Toyota, claro, é a desenvoltura para encarar trechos fora de estrada, apesar de não ter o seletor de tipo de terreno da variante diesel. No mais, em que pese ser um SUV, classe aclamada atualmente pelos consumidores, o Jeep é superado pelo carro mais vendido do mundo.
Os dois modelos são equipados com motor 2.0 bicombustível. Combinado com câmbio CVT que simula sete marchas, o do Corolla entrega até 154 cv e 20,7 kgfm. No Compass, a caixa automática de seis velocidades administra os 166 cv e 20,5 kgfm de seu propulsor. Apesar da potência superior e do torque semelhante, o Jeep perde para o Toyota em acelerações e retomadas. Uma das razões para isso está no fato de o sedã ser 206 quilos mais leve.
Outra vantagem do Corolla é o botão Sport no console, que melhora as respostas do carro para situações de ultrapassagem, por exemplo. Além disso, a transmissão CVT demonstra maior agilidade e (quando simula marchas) menos trancos em relação à do Compass. Vale destacar, contudo, que as trocas no Jeep são suaves na maioria das condições. Só desagradam um pouco em reduções.
O peso extra do Compass não impacta só o desempenho. As médias de consumo são piores frente às do Corolla, ainda que o Jeep disponha de sistema start-stop, que desliga o motor em paradas e o religa quando o motorista tira o pé do freio. Na cidade, o SUV faz 6,1 km/l com etanol, ante os 7,2 km/l do Corolla com o mesmo combustível. Em ciclo rodoviário, o modelo fabricado em Goiana (PE) registra 7,5 km/l contra 8,8 km/l do rival produzido em Indaiatuba (SP).
No quesito conforto há uma pequena vantagem para o Corolla, que filtra melhor as imperfeições de pisos irregulares. No Jeep, o destaque vai para as suspensões mais modernas na traseira – do tipo independente McPherson, como na dianteira. Na última atualização, embora o Toyota tenha ganhado controles de tração e estabilidade (também presentes no Compass), o fabricante preservou o esquema de eixo de torção.
Em curvas, a carroceria sedã garante ao Corolla uma firmeza um pouco melhor que a do Compass. Ao volante, os dois se equivalem ao entregar uma boa posição de dirigir, ótima ergonomia e direção elétrica bem calibrada. Para valetas e lombadas, o SUV é mais competente, mas o Toyota também se sai bem nesses obstáculos; dificilmente raspa.
Sedã é mais espaçoso e mais bem equipado
Seja na cabine ou no porta-malas, o Corolla vence com sobras as medidas do Compass. O sedã médio tem 2,70 metros de entre-eixos e acomoda três adultos no banco de trás sem comprometer o conforto. No Compass, os sete centímetros a menos de entre-eixos deixam três ocupantes altos um pouco apertados atrás. Para um SUV, os 410 litros do porta-malas do Jeep não são uma medida de saltar aos olhos. Nova vantagem para o Toyota, que dispõe de um bagageiro de 470 litros.
Comparada à versão Longitude do Compass, a configuração Altis do Corolla traz alguns equipamentos a mais. Só o sedã oferece de série sete airbags, banco do motorista com ajustes elétricos, faróis de led, retrovisor fotocromático, sensores de chuva e crepuscular, além de TV digital. Em ambos, há botão de partida do motor, chave presencial, assistente de partida em rampa, retrovisores com rebatimento elétrico, volante multifuncional com aletas para trocas de marcha sequenciais, central multimídia com tela sensível ao toque (a do Compass muito mais intuitiva), rodas de liga leve (de 17 polegadas no Toyota e de 18” no Jeep), bancos de couro, ar-condicionado de duas zonas e câmera de ré.
Embora opcionais, é preciso dizer que só o Compass disponibiliza teto solar e som de melhor qualidade. De série, o SUV entrega outros recursos importantes, como freio de estacionamento elétrico, sensor de ré, controle eletrônico anti-capotamento e monitoramento da pressão dos pneus. Seu quadro de instrumentos com tela colorida de sete polegadas também é mais moderno, assim como o desenho do painel como um todo.
O nível de acabamento é parelho, com vasta área de toque macio no painel dos dois carros. A lateral de porta do Corolla, porém, aparenta simplicidade e tem um design de gosto duvidoso.
Não vende mais à toa
O fato de ser o sedã mais vendido do Brasil e também o carro mais vendido do mundo diz muito sobre o Corolla. Por mais que os SUV estejam na moda, o modelo da Toyota se destaca por agradar mais ao volante, pela maior oferta de itens de série e por ser mais espaçoso em relação ao Compass. Todas essas características são almejadas pelo comprador de SUV, né? Mas nesse caso, estão melhor presentes no sedã. O estilo mais moderno e a posição elevada de dirigir estão entre os trunfos do Jeep, que não à toa é o SUV mais vendido no país. Apesar da derrota neste comparativo, ainda é sem dúvida uma atrativa opção de compra.
JEEP COMPASS
PRÓS: Posição elevada de dirigir, ergonomia e boa lista de equipamentos de série, em que pese a ausência de acendimento automático dos faróis e sensor de chuva. Esses dois são oferecidos como opcional
CONTRAS: Porta-malas pequeno para o segmento, elevado consumo de combustível e desempenho comedido
TOYOTA COROLLA
PRÓS: Amplo espaço interno, nível de conforto, bom desempenho, baixa desvalorização e custos de manutenção
CONTRAS: Falta de teto solar como opcional. Merecia também freio de mão eletrônico, sensor de ré de série e uma central multimídia mais ágil e intuitiva
FICHAS TÉCNICAS
MODELOS | Jeep Compass Longitude | Toyota Corolla Altis |
Preço sugerido | R$ 124.990 | R$ 118.990 |
Motor | 2.0 16V, flex | 2.0 16V, flex |
Potência máxima | 166 cv a 6.200 rpm | 154 cv a 5.800 rpm |
Torque máximo | 20,5 kgfm a 4.000 rpm | 20,7 kgfm a 4.800 rpm |
Câmbio | Automático, 6 marchas | CVT, 7 marchas virtuais |
Direção | Elétrica | Elétrica |
Comprimento | 4,41 metros | 4,62 metros |
Entre-eixos | 2,63 metros | 2,70 metros |
Tanque | 60 litros | 60 litros |
Porta-malas | 410 litros | 470 litros |
Peso | 1.541 kg | 1.335 kg |
Consumo (cid./est.)* | 6,1/7,2 km/l | 7,2/8,8 km/l |
*dados do Inmetro/Conpet
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