Mitsubishi Lancer Evo VIII com preparação forte gera 800 cv no motor 2.0
Esta reportagem saiu originalmente na edição 95 FULLPOWER
Por: Eduardo Bernasconi / Fotos: João Mantovani
Potências estratosféricas, como 800 cv, 900 cv, 1.000 cv são para serious drivers, como dizem os americanos. Isso fica ainda mais sério quando essa cavalaria deve ser extraída de um motor quatro cilindros, um turbo e apenas 2,0 litros de cilindrada, como deste Mitsubishi Lancer Evolution VIII. Tirar tantos cavalos de um V8 5.0 ou até de um seis cilindros 4.1 não é um trabalho simples, mas há certeza de bom resultado.




Destaque do interior é a alavanca Sequen Shifter: os engates são como em um câmbio sequencial, porém os acionamentos são todos mecânicos. Instrumentos AEM, mesma marca da injeção eletrônica
Ao acionar a embreagem multidisco Displatec — macia, com curso curto e capaz de colar, mesmo sob forte carga —, basta puxar a alavanca para trás para enfiar primeira. As próximas marchas também entram com um puxão no mesmo sentido. Já as reduções são feitas empurrando a alavanca em direção ao painel. É praticamente um funcionamento de câmbio sequencial, mas em uma caixa manual: elimina-se o movimento em H que se faz para espetar cada uma das marchas, sem uso de eletrônica ou fluidos.

Materiais nobres: coletor de escape em inox, assim como a pressurização com 3” de diâmetro, válvulas de alívio e blow-off Tial e filtro de ar lavável. Resultado no dinamômetro: 784,5 cv e 76,1 kgfm de torque
Na linguagem prática, é o cão chupando manga. Por mais que o 2.0 gire quase 9.000 rpm, graças a trabalho em cabeçote, uso de molas de válvulas e pratos ultra-mega-high-performance, antes da metade deste limite de rotação, o negócio já está feio: pressão de turbo subindo, ronco ensandecido e braço direito pronto para espetar mais uma marcha. Na rua, é utilizável, mas chama a mesma atenção que o Capitão Caverna arrastando a esposa pelo cabelo. O preto fosco aí de cima é o centro das atenções por onde passa.


Essa alavanca, fabricada pela Ikeya Formula (Japão) é chamada de Sequen Shifter tem uma peculiaridade: ao passar todas as marchas, até quinta, basta um puxão a mais e a primeira entra novamente. Caso isso aconteça em alta velocidade e giro do motor, é certeza de transmissão quebrada. Para evitar estragos, ou pelo menos tentar, um visor digital fixado à frente da alavanca indica que marcha está engatada. As trocas são incrivelmente rápidas, semelhante aos engates de uma moto, tudo no mesmo sentido. Animal! Para andar devagar, animal também, mas de outro modo: o motorista que parece um animal, pois apesar de rápidas, as trocas exigem uma certa dose de decisão e força. Quem vê de fora, jura que o piloto está saindo na mão com a alavanca ou tentando matar um passageiro indesejado. O sistema exige alguma cavalaria também, do braço. Para engatar a ré, uma segunda alavanca deve ser acionada com a principal. Ou seja, é preciso usar as duas mãos ou estar sempre com uma navegadora, ao lado.
A tração nas quatro rodas é vital para o bom comportamento, assim como o sistema de freios a disco, da Brembo, original. Nada foi alterado nesses componentes e a suspensão quase que passa batido, também. Segundo Rodrigo Corbisier, um jogo de molas Eibach foi instalado para diminuir o centro de gravidade, baixando o esportivo em quase cinco centímetros. “O conjunto desse carro ficou muito bom. Temos clientes que querem 600 cv, 800 cv e até mais de 1.000 cv em um quatro cilindros como este. Cada um desses parâmetros tem sua vantagem e utilização. No caso deste preto, ficou muito forte ainda que utilizável em ruas, avenidas e estradas, devido ao que o modelo traz de fábrica. Rodar com essa cavalaria com um tração traseira ou dianteira, apenas, seria estressante demais”, explica o preparador paulista.
FICHA TÉCNICA
Modelo: Mitsubishi Lancer Evolution VIII
Tipo: Sedã, quatro portas, motor transversal, tração integral
Motor: 4G63T, 4 cilindros em linha, bloco de ferro, cabeçote de alumínio
Potência: 784,5 cv
Dimensões do motor: Diâmetro de 85 mm, curso de 88 mm (1.997 cm3)
Bielas: BME, de alumínio
Pistões: JE Pistons, de alumínio forjado
Sobrealimentação: Turbo 6262 Precision Billet, pressurização de 3” e intercooler G&R
Cabeçote: Cabeçote trabalhado by G&R Drag Racing com válvulas Ferrea com 1 mm oversized, molas duplas Ferrea, prisioneiros ARP
Comando: HKS 272º, levante de 10,8 mm na admissão e 10,2 mm no escape
Escape: Coletor 4×1 dimensionado G&R Drag Racing de aço inox
Alimentação: 4 bicos injetores Ford Racing 150 lb/h, injeção programável AEM Power, 3 bombas de combustível Bosch, linha em aeroquip 10AN
Taxa/combustível: 11:1 / Etanol
Ignição: Ignição G&R Drag Racing, com 1 bobina por cilindro
Câmbio: Manual de cinco marchas com diferencial central Quaife
Embreagem: Displatec Pro-Street Racing Stage 2
Suspensão: Molas Eibach
Freios: Brembo
Rodas: Rays Volk Racing CE28N Time Attack 18”x9”
Pneus: Yokohama Advan 048 285/30
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