Publicado em
Customização
Ford Focus ganha pele nova e 250 cv de potência
Turbo venenoso: Ford Focus ganha pele nova e um turbo escolhido a dedo no motor 2.0 16V. São 250 cv para usar à vontade diariamente.
Desde a primeira vez que se reconheceu no espelho, com poucos tempo de vida, David Lopes já era um apaixonado por carros, tanto os de brinquedo quanto os grandões, reais. Quando criança, era daqueles que pegava a bola de futebol com a mão e não se importava em ficar fora das peladas pela falta de intimidade com a gorduchinha. De redondas, aproveitou a vida em volta das rodas de suas bicicletas e carros modificados. “Rodas grandes e suspensão esportiva sempre foram itens obrigatórios em todos os carros que tive”, conta West, como é conhecido em fóruns relacionados a carros, bikes e fotografia na internet. Mas não pense que a curtição do cara se resume ao visual de suas naves. A exemplo deste Ford Focus alterado de ponta a ponta, o engenheiro civil sempre temperou seus motores de forma aspirada ou turbinada. Entre os favoritos, que continua em sua garagem e por lá deve ficar, está um Chevrolet Calibra com mais de 500 cavalos, feito para pegar estrada e dar “tudinho” em provas de velocidade máxima (destaque da edição 39 de FULLPOWER).
É verdade, no entanto, que o coração do entusiasta está dividido. Afinal, seu Ford Focus azul foi escolhido a dedo entre um café e outro com o preparador Bruno Herrera, de São Paulo. Decidido pelo hatch, fez questão de encomendar a versão mais completa disponível no Brasil (o Focus é o carro mais vendido no mundo). No caso, trata-se de um modelo Ghia, com teto solar, ar-condicionado de duas zonas, bancos de couro… Enfim, modelo top, que não dormiu um dia sequer na garagem de West após sair da concessionária. O carro foi para a Herrera Motorsports zero km e logo aumentou o número de fios brancos do preparador, tamanha a atuação da eletrônica. “São duas sondas lambda de banda larga e uma central eletrônica totalmente travada, pois controla desde o motor até o ar-condicionado digital”, revela o preparador.
Neste caso, existem duas opções. Infimamente considerada e mais radical seria trocar a injeção completa do Ford. A outra, favorita do preparador, é utilizar o piggyback, um equipamento que “manipula, engana e trapaceia” a central eletrônica original. Depois de pendurar um turbo (também escolhido a dedo) de Subaru STi em um coletor de escape artesanal, feito a mão, este piggyback auxilia o preparador na hora de calibrar a fase pressurizada. Tudo sem deixar a central perceber que 0,4 kg de pressão extra entra na admissão do Duratec 2.0 16V e joga sua potência de 147 cavalos para 250 cv. “Dessa maneira, o funcionamento ficou perfeito e atende meu objetivo de usar o carro diariamente. Marcha lenta estável, partida a frio… Tudo original, menos a potência”, comemora West.
Forte, porém frágil
Mas, calma. Não adianta sair correndo para turbinar seu Focus antes de terminar de ler essa matéria. Bem antes de preparar o do Duratec, West pesquisou na internet e não achou um modelo sequer com mais de 200 cavalos sem reforço com peças especiais. Logo, concluiu que não deveria ser o primeiro a arriscar. “Providenciei um jogo de pistões Iasa e bielas Cosworth, tudo forjado, para ter certeza de montar um turbinado confiável”, disse West. Assim como o coletor de escape, o escapamento é todo em inox e segue com 2,5 polegadas até o abafador traseiro. “É quase uma música”, diz o proprietário.
Com o considerável acréscimo de potência, foi necessário modificar a embreagem, mas sem exageros. O conjunto agora é composto por platô com mais carga, disco com pastilhas cerâmicas e mantém parte da suavidade depois de 15 mil km rodados na cidade e na estrada. O consumo de etanol só despenca quando West está com pressa e exagera na hora de apertar o pedal do acelerador, o que não acontece raramente. Com a pegada esperta do turbo, é difícil controlar a vontade de ouvir seu sopro enquanto os pneus Dunlop 225/35, calçados em rodas de aro 17, lixam levemente o asfalto e depois tracionam forte com a ajuda de um jogo de molas H&R, especiais para o carro.
Para usar ou para vender?
Quando o modelo foi escolhido, havia apenas um detalhe incomodando West: a cor prata original. “Acho que falta personalidade no trânsito brasileiro. O povo compra o carro já pensando em vender e acabamos com as ruas cheias de modelos preto ou prata. Parece uma ditadura!”, reclama. Depois de matar um pouco a vontade de andar como turbinado, encostou na Preto Fosco, uma especializada em envelopamento no bairro de Moema, também em São Paulo. “Cobrir o carro era minha primeira opção, pois não queria pintar a carroceria. Mas, o leque de opções não me convencia e o trabalho deveria ficar muito perfeito para eu topar”, conta West, que só ficou tranquilo depois de ser apresentado a uma linha de adesivos especiais da Oracal, chamada Série 970.
A cor azul metálica com um toque fosco fez os olhos do proprietário brilharem e, quando percebeu, diversas peças de seu Focus já estava desmontadas para receber o adesivo. Spoiler traseiro, lanternas, faróis, maçanetas… Até a tampa do combustível foi retirada para uma aplicação primorosa, capaz de dividir opinião de curiosos na rua: metade acha que é envelopado, metade jura que é pintura! Mas, o importante mesmo é que, agora, seu dono acelera o carro que ele idealizou, em todos os detalhes. Até o logotipo dianteiro, que originalmente traz a marca Ford dentro do símbolo oval, foi personalizado e deixa algo bem claro: este é o Focus do West!
Texto e fotos: João Mantovani
Veja também
Carros de passeio
RS6 e RS7 em edição especial: interior diferenciado
Customização
Pininfarina lança série de hipercarros inspirados no Batman
Customização
Karmann-Ghia roda em São Paulo no estilo da Califórnia
Customização
Rara Kombi “barndoor” de 1950 passou por customização polêmica; entenda o caso
Customização
Ford 1932 apodrecido é resgatado em fazenda e vira um hot rod impecável
Customização