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Diário do Figueira: um rolê até o Paraguai, de carro socado, para um evento de modificados.
Texto e fotos: Leonardo Figueira
Durante a oitava edição do Bubble Gun Treffen, evento focado nos carros do Grupo VW, em Águas de Lindóia (SP), encontramos Fabio Lacerda. Ele é um grande amigo, mas fazia tempo que nós não conversávamos pessoalmente, então aproveitei o tempo para trocarmos algumas idéias. No meio da conversa ele me perguntou se conhecia o Encartour, evento que rola anualmente em Encarnación, no Paraguai. Eu nunca tinha ouvido falar dessa reunião de apaixonados, muito menos da cidade onde é sediado. Ele disse que havia pegado o contato de um dos organizadores e já estava planejando a viagem (que seria duas semanas após o BGT) e que iria com seu Chevrolet Cruze rebaixado, que já apareceu aqui na FULLPOWER.
Com isso veio o convite e na hora fiquei bastante pensativo, pois estava com uma grana guardada para fazer a retifica do motor do meu carro, mas mesmo assim aceitei. Chegando em casa, fui pesquisar sobre o Encartour e fiquei com mais vontade de ir após ver as fotos da edição de 2015. Fomos eu, Fábio e o Francisco Neto (o Chico).
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Saímos de São Paulo em uma quinta-feira a noite. Na madrugada, fomos até Cascavel, no Paraná. Lá, encontraríamos o Luiz Felipe (aquele do Fox vermelho com as BBS tala 10”), pois o cara já esteve em outras edições do Encartour e iria nos guiar para dentro do Paraguai. Se engana quem acha que Fabio deixou o carro original para encarar os quase 3.000 km de viagem: fomos com o Chevy pregado e montado nas 19”.A suspensão a ar AirLift, instalada por ele mesmo em sua oficina, a Draggin Customs, passa confiança nas curvas e nas retas parece até um carro original. Para comprovar isso, eu fui dormindo no banco traseiro de São Paulo até Paraná numa boa.
Chegamos de manhã em Cascavel para descansar um pouco e seguir viagem de tarde. Foram mais algumas horas de estrada até chegar na fronteira. A alegria foi grande em saber que já estávamos “perto”, pois ainda faltavam cerca de 400 km pra dentro do Paraguai. A primeira parada foi em um posto de gasolina para encher o tanque do Cruze, e logo de cara tomamos um tapa: preço da gasolina em R$ 2,50, o litro – e isso em posto de bandeira brasileira. Outra curiosidade boa: lá mandei ver uma Fanta Guaraná. Não gostei!
A caminho de Encarnación, pegamos chuva intensa e estradas destruídas que na maioria das vezes eram todas desertas. Caso tivéssemos problemas com Cruze, estaríamos complicados. Foram quatro horas agonizantes de viagem. Chegamos na cidade no início da madrugada e os organizadores do evento estavam nos esperando na frente do Sambódromo, local onde ia rolar o evento no sábado.
Recepção excelente e carros incríveis. Walter Gimenez, um dos cabeças do Encartour tem um BMW 320i Touring E46 com câmbio manual, montada com rodas BBS CH originais aro 18×8,5” na dianteira e 10” na traseira. Já o Guille Espinola, outro organizador, tem um Toyota MR2 recém-importado do Japão e um Mercedes-Benz 190D 2.5 TurboDiesel. Dá pra ver que o nível dos caras é outro, bem acima do nosso.
No dia seguinte acordamos cedo para lavar os carros e dar um rolê pela cidade, pois o encontro é noturno. Tínhamos o dia liberado e foi bom para ver alguns carros que estava na cidade para o evento. Encarnación tem uma grande infra-estrutura turística, com direito a praia artificial. O visual é incrível. Como ninguém quis arriscar um PF em um restaurante típico, nós fomos almoçar em um Burger King que fica na beira da “praia”. Sentado na minha mesa, avistei do outro lado da rua um Toyota GT86 com um aerofólio bem grande.
Vai ter ensaio completo desse GT86 siiiiim!!!!
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Como sou apaixonado por esse carro e nunca havia visto um modificado de perto, larguei tudo e fui correndo fazer umas fotos, com o celular mesmo. Chegando perto veio a feliz surpresa: o carro estava montado com um body-kit da japonesa Rocket Bunny. Eu sabia que o carro estaria no evento, mas não sabia que horas ele iria chegar, então perguntei para o Guille se conhecia o dono para chamarmos para um ensaio. Dito e feito. Conheci Martin Selva, dono da preparadora mais cabeçuda da Argentina, a TopDrive Performance, e tem uma coleção de carros de dar inveja a qualquer um. Mas isso deixa para outro post, onde vou contar todos os detalhes desse GT86.
Fim de tarde chegando e com ele vieram os carros para o primeiro dia de Encartour. Nunca tinha visto tanta diversidade de carros e estilos. E lá não tem “mimimi”: cola todo mundo, com naves de todas as marcas. Tem racing, slammed, rat look, euro e até uma galera que mistura tudo. Carros que eu nunca tinha ouvido falar ou nunca tinha visto pessoalmente, como Nissan Sunny, Toyota Premio, Corolla RunX, Toyota Vitz (esse tem aos montes), Toyota ist, Kia Rio…
Lá a maioria da frota é composta por carros japoneses, mas por incrível que pareça, se você perguntar para algum paraguaio que tem carro mexido qual carro ele tem vontade de ter, 80% deles vai responder: Saveiro Cross. Sim, os caras são apaixonados pela nossa picape, principalmente pela versão aventureira cheia de apliques. Lá a Saveiro Cross só começou a ser oferecida nessa última versão, a G5 e G6 não foram oferecidas no Paraguai, então se você vir alguma Saveiro Cross desses modelos no Paraguai elas não são verdadeiras.
Engana-se quem pensa que nesse evento a galera estaciona o carro na vaga e fica passeando. Os caras gostam de moer e pra qualquer lado que eu olhava via alguém fazendo borrachão ou acelerando até o corte de giro do motor. Não só no estacionamento, como na rua também. Bagunça. Mas e a polícia? Estava lá e quando passavam com a viatura pela avenida ficava tudo calmo, porém quando voltavam a moeção voltava a rolar. Insano e perigoso. Por volta de meia-noite, o evento oficial acabou, então todo mundo foi até a praia para curtir a balada de Encarnación.
O segundo dia do Encartour começou cedo e rolou em um parque, próximo à praia. O número de carros foi bem maior do que no sábado (cerca de 200), e diversas naves incríveis apareceram, como um Lancer Evo VI, Silvia S15, alguns BMW E30, BMW M5, Golf MK4 R32, Nissan 350Z, Toyota Altezza e até um Skyline R32 GTR… a galeria de fotos está aí para babar à vontade. O dia foi mais tranquilo e a agitação só começou de tarde quando rolou a premiação. Ganhamos o prêmio de participante que veio de mais longe (quase perdemos para um venezuelano, mas o cara estava com um carro original).
Voltando para o Brasil, fizemos uma paradinha em Ciudad Del Este, passagem obrigatória para trazer algumas lembranças. Se você, assim como eu, não conhecia o Encartour, programe-se e vá ano que vem. Você não vai se arrepender. Em 2017 a gente volta!
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