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Customização
Karmann-Ghia roda em São Paulo no estilo da Califórnia
Estamos no interior de São Paulo, na estrada que liga Mogi das Cruzes a Guararema. À frente está o impecável Karmann-Ghia de Anderson Takeda, sócio-proprietário da Restaurakar, também de Mogi. Enquanto vence as belas curvas no caminho, a caranga capta a atenção dos pedestres. O rodar suave e a customização escondem os mais de 50 anos de vida da joia.
O Karmann chegou às mãos de Takeda em 2009, como um trabalho. Um cliente queria restaurar, mas depois acabou vendendo o carro para o customizador. “Em 2013 desmontamos o Karmann-Ghia todo. Vimos que a estrutura estava boa, com pouco serviço de funilaria para fazer”, explica. Era o começo de uma história de sucesso.
Vamos começar explorando o interior. Todo carpete e forração do teto foram renovados. Os bancos pretos estavam em boas condições e permaneceram. O volante de três raios com acabamento cromado é da marca Mooneyes. O vasinho de flores fixado no painel foi importado da Europa. Todos os mostradores são da Cronomac. “Essa linha de instrumentos foi um pedido especial nosso para a Cronomac. Depois eles incorporaram a grafia e hoje é um produto do portfólio deles”, explica Anderson.
De dentro, além da montagem caprichada do painel, dá para ver a pintura da carroceria. A cor original do cupê é vermelha, mas a decisão do dono foi usar um vermelho flash, da paleta da Volkswagen. No entanto, Anderson não conseguiu ficar só no básico. “Alguns Karmann-Ghia na Califórnia saíram de fábrica assim, com o teto preto. Decidi aplicar isso”, diz. A parte de cima do modelo 1969, então, recebeu a cobertura em preto Cadillac.
Karmann-Ghia ao estilo Califórnia
E não é só na pele rubro-negra que o esportivo lembra a “Califa”. A customização da caranga foi feita com base no Cal Style, jeito de modificar que nasceu nos Volkswagen por lá. “Carroceria, pintura e mecânica são deixadas próximas do original. A suspensão é mais baixa e as bitolas são encurtadas, principalmente no eixo dianteiro”, explica André Takeda, proprietário da Restaurakar.
As rodas de 15 polegadas da Empi, réplicas de Fuchs, fazem parte do estilo também. A tala na dianteira é de 4,5”. No eixo de trás a tala é 6”.
Pretinho não tão básico
Para colocar a viatura para rodar, Anderson mandou vitamina pro motor. A receita do quatro cilindros 1.7 refrigerado a ar é simples e elegante, feita para rodar no dia a dia. O escapamento dimensionado 4 em 1 e o abafador são da Empi, assim como o carburador 40. O manômetro e o filtro de ar são da Mooneyes. Segundo Anderson, o projeto não é para que o Karmann-Ghia seja um canhão. “É uma fórmula para rodar com robustez, no dia a dia”, explica o proprietário.
Porém, não se deixe enganar pelos 80 cv de potência e torque de 12 kgfm. Essa força, estimada pela Restaurakar, é suficiente para o cupê acompanhar carros mais modernos e sem espernear. O 1.7 pulsa no compasso certo, macio, sem atropelos. Outro aspecto que chama a atenção é a escolha da cor preta para o motor. A customização foi feita pelo próprio Anderson e segue uma tendência. “Nos anos 1990 o cromado estava no auge. Mas a escolha agora é por motores pintados de preto, mais discretos”, explica André. O câmbio que gerencia a força nas rodas traseiras é de Fusca 1600.
O stance personalizado também faz parte do Cal Style do Karmann-Ghia. O cupê ficou mais perto do chão graças à supensão com catraca. A bitola dianteira foi encurtada em 6 cm de cada lado. As mangas de eixo são da Empi. Na rua, a caranga não sofre com as lombadas, só aquelas ondulações feitas fora do padrão exigem atenção de Anderson. “Ele roda macio. Não é cansativo para trechos mais longos”, diz.
Por gerações
Apesar da carroceria em bom estado, o que facilitou o trabalho de pintura, ainda faltavam alguns detalhes no visual do Karmann-Ghia. Anderson importou todos os frisos e borrachas para deixar a carro zerado. Os para-choques estavam inteiros, somente o cromado recebeu atenção para brilhar com mais vigor.
A pátina suave que cobre o logo na dianteira dá um toque especial para o modelo. O que para Anderson começou como diversão, quando acompanhava o trabalho do pai, Sr. Sérgio, e irmão, André, virou paixão e depois profissão. Este Karmann-Ghia 1969 mostra isso.
Ficha Técnica
Motor – Traseiro, 4 cilindros boxer, 1.7
Alimentação – Carburador, gasolina
Potência – 80 cv (estimados)
Torque – 12 kgfm (estimados)
Transmissão – Manual, quatro marchas, tração traseira
Freios – Disco, tambores
Pneus – 155/60
Rodas – Dianteira 15” x 4,5” e traseira aro 15” x 6”
Upgrade – Motor, suspensão, freios, rodas, pneus, pintura
Empresas – Restaurakar, André Carneiro Auto Elétrica
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