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Rodando há quase 100 anos, Ford Tudor 1929 virou um Rat Rod com estilo único
Depois de passar por diversas empresas de customização, um raro Ford Tudor 1929 caiu nas mãos da equipe Powertech, em Curitiba (PR). Após quatro meses cercado por entusiastas fanáticos, ele recebeu o devido tratamento e se tornou, finalmente, num Rat Rod. E a FULLPOWER teve a chance de acelerar essa máquina cheia de estilo, que apesar do visual “envelhecido”, funciona melhor do que muitos carros 0 km e vale uma boa grana.
Quando digo que ele funciona melhor do que muitos carros atuais, me refiro ao ato de dar a partida no motor: o V8 Flathead (lançado originalmente nos Ford 1932) de 65 cv pega na hora, sem vacilar. Pilotar, no entanto, é outra realidade e requer muito esforço. A direção dura, embreagem pesada, suspensão sem curso, cabine claustrofóbica… São apenas algumas das dificuldades para guiar o baixíssimo Tudor com teto de couro legítimo!
Espaço para as pernas é luxo! Sendo assim, quem roda no passageiro é obrigado a dar aquela velha “cruzada de canelas” para se acomodar no banco de couro — muito confortável, diga-se. Primeira marcha engatada (para baixo, onde teoricamente seria a segunda de um câmbio normal), hora de sair com o Ford Rat Rod. É preciso segurar a enorme alavanca no lugar, caso contrário ela escapa e cai em ponto morto. Dobrar a esquina requer força nos braços e boa noção da dianteira (sem paralamas). Qualquer bobeada e o risco de estragar uma das rodas exclusivas (fabricadas pela própria Powertech, têm medidas de 17” na dianteira e 19” na traseira) é eminente!
Segunda engatada e fica cada vez mais nítido o bom funcionamento do motor. Paulo “Kuelo” Vilela, um dos cabeças da restauração deste Tudor Rat Rod, conta que “o trabalho impecável dos carburadores Stromberg contribuem para a resposta imediata do acelerador”. Os carburadores, segundo Kuelo, são raros (e caros). Por sorte, ele encontrou um par no encontro de antigos de Lindóia (SP) e abraçou.
As lanternas traseiras foram doadas de um caminhão, enquanto a grade dianteira veio de um irmão mais novo do Tudor, o Ford 1934. “Pegamos uma peça aqui, outra ali, e aos poucos demos outra cara para o carro. No final, tivemos muito trabalho a fazer, pois a maioria das coisas estava pela metade”, lembra Kuelo. A parte elétrica era uma delas: faróis, lanternas, painel… Nada acendia! Agora, além de tudo funcionar corretamente, sequer um fio está à mostra.
Rat Rod é desconfortável, mas quem se importa?
Apesar de claustrofóbico, o interior desse Rat Rod é bem montado, com componentes de bom gosto. O painel é um deles, original dos Ford 1941, e até o relógio na tampa do porta-luvas funciona perfeitamente. Maior, ele teve suas extremidades cuidadosamente encurtadas para caber no Tudor. Forros, apenas nas portas. “O espírito Rat Rod é esse mesmo, sem luxo algum, na lata. Nesse caso, o revestimento das portas é mais para não machucar os braços dos ocupantes”, brinca Kuelo. A ausência de forro, principalmente no teto, potencializa o som dos escapes dentro da cabine e causa certo desconforto.
Conversando com o especialista, descobri como ele conseguiu atingir o visual socadão de Rat Rod mantendo boa altura da carroceria em relação ao solo. “A conta é simples: basta ‘subir o chassi’ e ‘abaixar a carroceria’”, revelou. O que ele quis dizer é que, na versão original, o chassi apoia a carroceria, enquanto nessa configuração ele praticamente cruza por dentro dela. Apenas essa “artimanha” elimina cerca de 30 centímetros na altura do veículo. O restante é obtido com um “massacre” em parte do teto — coloque nessa brincadeira outros 30 cm. Pronto! Você já tem um legítimo rebaixado!
Detalhes como tanque de combustível Igasa de 40 litros e pneus importados dos EUA — Firestone Deluxe Champion Gum-Dipped — finalizam a minuciosa restauração do Tudor 29. “Eu até me apeguei ao carro, pois sou o único que faço uns rolês com ele. Com certeza, não é um modelo para rodar no dia a dia, mas de vez em quando é bem legal tirar uma onda”, confessou Kuelo.
Se esse Ford voltasse no tempo, entre as décadas de 40 e 50, com certeza faria parte da “nata” dos Hot Rods. Pois, além de bem-montado, tem muitas peças novas e requintadas. Em nosso tempo, o Tudor 1929 tem outra pegada: é um Rat Rod feito para impressionar a todos por onde passar.
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